sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Bagunça


Não tem mais você pela casa, bagunçando o meu sofá, a minha cama e deixando o chuveiro meio aberto, pingando incansavelmente. O seu cheiro saiu do meu colchão, levando assim toda a ilusão, de que você para sempre, ficaria ali. Sua blusa de frio cinza, saiu da minha gaveta já faz alguns meses. Arranquei aquela sua declaração de amor da minha agenda, tentei me livrar da sua má caligrafia. Procurei me encaixar no sofá, como me encaixava nos seus braços, mas você não está mais lá. Agora consigo escutar a televisão, pois não tem mais a sua respiração perto do meu ouvido, numa busca incansável de me distrair e me ganhar. Você não vira mais a rua olhando para trás, você não senta na escada e me beija de um jeito engraçado que me faz rir e rir muito. Minhas mãos, não bagunçam o seu cabelo com tanta frequência, seus lábios já não sorriem sempre que chego perto de você, nossos corpos não se juntam como um só. Meu quarto já não ouve nossos gemidos e tapas e pequenos gritos e respiração. O seu perfume não está na sala. Já não brigamos na cozinha, você já não me abraça por trás e beija o meu pescoço na tentativa de me provocar. Não estou sentada no seu colo, você não brinca com o meu sutiã como antes, meus seios já não são seus travesseiros com tanta frequência. Não existem mais tardes e noites com você. Cadê os hematomas pelo o meu corpo ou as marcas de mordidas em você? Faz tempo que não existem mais roxos. Não tem mais terças e quintas, não tem mais sofá, perfume, respiração ofegante, lugares proibidos, escada, garagem. Mas ainda tem saudade, tem vontade, tem desejo, tem paixão. Ainda arde, ainda dói, ainda bate. Meu colchão sente sua falta, nas noites mais frias e difíceis, ele grita por você, o sofá pede você nas noites quentes, a televisão sente falta dos seus olhos, meu corpo sente falta do seu. Sinto falta da sua bagunça, da sua sujeira, do "até amanhã" sabendo que os meus olhos te encontrariam em menos de oito horas. E não vejo a hora de ser a sua de novo, de ser sua para sempre, de ser sua, completamente sua, por onde quer que eu vá. De ser sua na cama e no sofá e na cozinha e no banheiro e nas escadas e na garagem e na rua. Não tem mais você aqui em casa, a sala perdeu o sentido, meu quarto já não é tão legal. Mas tem você em outras ruas, outras esquinas, outros sofás, outras camas, outros quartos, outros sussurros, mas nada, nada se compara ao que foi ter você aqui. Nada se compara a bagunça que você fez na minha casa, na minha vida, na minha mente. Nada se compara ao começo de tudo, nada se compara à tudo que fomos, nem mesmo o futuro, irá se comparar com tudo que nos fez chegar até aqui! Você é a melhor bagunça que já passou por aqui.

És um anjo!




Ele partiu cedo demais, as cortinas se fecharam antes que ele pudesse se despedir. Vi as letrinhas subirem, antes mesmo dele dizer o seu último adeus. Ainda sinto o seu cheiro aqui, sinto a fumaça e o vejo dentro de uma garrafa de vodca, daquelas bem vagabundas. Lembro do mar, da água batendo no seu corpo, da risada dele forçada, da sua respiração tão forte quanto as batidas do seu coração. Ele era tão forte, tão lindo, tão real. E partiu, sem mais nem menos, sem previsão de volta, foi pra o outro lado sem nem mesmo receber os aplausos merecidos.

Ele partiu sem que eu ao menos falasse o quão gostei de te-lo na minha vida, o quão eu gostei de te-lo conhecido, do quão eu gosto de fazer parte de uma história, da história dele; E nunca importou quantas vezes nós brigamos ou quantas vezes eu quase morri nos seus braços ou ao seu lado. A respiração dele parou, a alma se elevou e ele deve tá vagando por ai, procurando a tão esperada paz eterna.

É incrível como vidas vão em vão, é incrível como a falta, pode nunca cessar, como a saudade pode se eternizar e como alguém, que ontem sorriu pra você e fez uma piada boba, pode fechar os olhos, pra nunca mais abrir.

Nunca me dei conta, que doeria tanto ver você partir, sem dizer adeus. Mas mesmo de longe, mesmo aqui, você continuará presente em qualquer fumaça, você ainda será um dos melhores cheiros do mundo, a brisa mais leve, a piada mais sem graça, a saudade que aperta, a nostalgia que dói. Deixo na minha tristeza, um eterno pedido, já que agora és um anjo, me proteja, seque minhas lágrimas e tenha certeza, que eu vou lembrar de você, aonde quer eu for!

For: Douglas Henrique/Drops.

sábado, 6 de outubro de 2012

Terceira Guerra Mundial




Olha, eu ando muito confusa, um tanto clichê e patética e não consigo entender essa minha necessidade constante de estragar as coisas ao meu redor. Eu sou feita de erros, sou totalmente e completamente errante e não nego o quão preciso de algo, de alguém que acompanhe todos os meus tempos e me dê tempo, me dê espaços. Só que ao mesmo tempo, eu quero alguém que me pare no tempo, que me mude, que me queira exatamente como eu sou e me melhore, me transborde. Eu já sou completa, eu tenho ideias e um futuro promissor, se eu continuar no caminho certo, se por um acaso eu não desviar de novo, por um caminho mais rápido e mais fácil. Eu podia encontrar em você, alguém a quem seguir, mas eu não quero, não te quero pela metade, não me contento com isso, te quero por inteiro, desde os fios de cabelo aos dedos dos pés, se não for assim, você jamais me transbordará, jamais me ajudará a curar a confusão, a tristeza, o vazio. Você pela metade não é justo comigo e com todos os esforços que eu venho fazendo, não é justo nem mesmo com você, que tem tantas opções! O problema todo, é que você não me conhece, você não sabe dos meus erros, das minhas dores, anseios, problemas. Você sabe que nas noites de sábado, eu bebo, às vezes, até cair da escada, sabe com quem eu saiu e supostamente com quem eu fico, quais são os meus planos para daqui há cinco anos, mas você não sabe o que me fez chegar até aqui! Eu tive um impulso, eu tive histórias lá trás que me fizeram deixar de confiar nas pessoas, que me fizeram desacreditar no relacionamento amoroso. Nunca, nunca fui descrente no amor, mas já não acredito em almas gêmeas, em tampa da panela, em amor pra vida inteira, em casamento, família, final feliz. Acredito em viver e acredito que não sou boa o bastante pra tudo que eu pretendo fazer e que não sou, o que você espera, sou menos, sou ainda menos. E com tanta coisa acontecendo agora, você some, você me deixa, me esquece e é um sms por dia, nenhuma ligação perdida ou uma mensagem na Inbox do Facebook. Estou perdendo meus cabelos, algumas citações, uma boa parte da memória e da minha vida social/pessoal. Ando fazendo mudanças e sendo mudança e temo que você saía dos meus planos, do meu dia a dia e da minha vida. Estou com um pé na porta, estou quase saindo fora e nunca estive tão confusa e tão certa de que não continuarei com metades, que dessa vez andarei certo, por mais que isso doa à mim e à alguns outros. A Segunda Guerra Mundial acabou pra alguns, mas dentro de mim, existe uma Terceira Guerra que se mistura com A Segunda e A Primeira, me fazendo cair, levantar e reerguer, morrendo de vontade de desistir de tudo, de todos e de mim. Você não tem a menor noção, mas eu sou tão medrosa como qualquer outra pessoa, sou até mais fraca e indefesa que qualquer uma que você já conheceu, sou vulnerável e estou sujeita a algumas mudanças com o tempo. E uma delas, é essa decisão tremenda de te deixar partir, só que de verdade, sem meios termos. Sem querer, é aquele lance de esquecer meu número, meu endereço, meu sorriso, minhas piadas, minha voz, minha risada e minha precisão de você. Se você não me conhece, se você não pode me curar, você não é bom pra mim e eu não sou boa pra nós e desde então, caímos nos deslizes, entramos em extinção, deixamos de existir. Quase não tem tempo, os aparelhos estão a ponto de serem desligados, tudo está prestes a acabar e você não se move e você não respira e você não grita, não implora, não pede e eu vou, como se nunca tivesse existido assim que a bomba explodir. E quando isso acontecer, não vai sobrar nem se quer um fio de cabelo, pra contar a nossa história.. Não vai sobrar nada de mim, nada de você, nada de nós!

sábado, 29 de setembro de 2012

Mesmice


De novo voltamos a mesmice, aquela coisa repetitiva e chata que chamamos de "amor". Tudo parece começo e tudo parece fim. Tudo parece você, tudo parece eu e nada parece com nós dois.. Tudo complicado demais, chato demais, sufocante demais, mas quem será o último a largar a corda que nos prende? De novo com as mesmas conversas, mesmos "eu te amo", mesmas mancadas e eu continuo aqui, me prendo em você, como se fosse velcro. Sem músicas românticas, "eu te amo" gritados, ligações antes de dormir, abraços longos ou olhares profundos, só você, só eu, só nós, que não existimos. É massante perder dias, semanas, meses por você, sem você, com você. É repetitivo, é cansativo, é neurótico, é inacabável. "Me deixa", eu tenho vontade de gritar, mas você me cala com um dos seus oito olhares, você me prende nos seus braços e caímos na mesmice. De novo, de novo e de novo, é um buraco sem fim, é um túnel sem luz, mas continuamos!

sábado, 22 de setembro de 2012

Permanentemente

                     




Te quero, te amo, te espero, te preciso; E que caía no clichê, mais clichê que nós, só esse sentimento repetido e errado e mastigado e infantil. Só esses términos e essas recaídas e essas voltas. Só essas discussões, esse querer incontrolável e essa falta de força de me manter longe de você.

Meu bem, meu bem, caímos no clichê a primeira vez que chorei por você e dispenso o "eu te amo, aliás, dispensamos, mas repito: "te amo por inteiro"; E isso não passa de um alerta: "Cuidado, te amo por inteiro!". Mas, eu te amo e repito e insisto e exijo.

Cada fio de cabelo que te pertence é merecedor do meu amor incondicional, assim como seus dedos gordos e tortos das mãos, seus dedos engraçados dos seus pés sensíveis. Seus olhos pequenos, seu nariz, sua boca, seu pescoço e cada partezinha do seu corpo, merece meu amor inesgotável, imensurável.

Quando você sorrir, meu bem, mas quando você sorrir, o universo deixa de existir e eu te amo. Quando você da risada, o mundo se aquieta e eu te amo, mas quando você fala, meu bem, o mundo se cala. É você, só você!

É só você e por mais que outros sorrisos existam, aqui, dentro de mim, só existe você. No meu universo, só existe nós dois!

Continuo te amando, sigo te amando, permanecerei amando você, só você!
Continuo te esperando, sigo te esperando, permaneço te esperando, na minha vida, no meu banho, no meu sonho, na minha cama.

Meu bem, meu bem, apenas meu "bem", te sigo, te quero, te espero e te amo, permanentemente.

domingo, 16 de setembro de 2012

Ex-princesa




Sou fruto de tudo que somos, meu bem e mais, sou fruto dos nossos planos futuros, da nossa paixão secreta, dos nossos conflitos mal resolvidos. Sou fruto de nós dois, sou fruto de você.

Já fui sorrisos e choros, insônia e pressentimentos, hoje eu sou só o que sobrou do que eu fui ao seu lado. Sou só a boba da corte, depois de conhecer a magnitude de ser princesa. Sou saudosa, sou saudade, hoje, sou apenas eu.

Depois de conhecer tudo que conheci ao seu lado, me ver longe de você torna-se uma luta. Pois é, meu bem, a princesa tirou a coroa, vestiu a armadura e mata um dragão por dia. Não existe mais castelo, reino ou príncipe. Acabou o reinado, as cortinas vermelhas são cinza, o bobo da corte se foi e levou a alegria das noites frias sem você, junto à ele.

Sou um esboço dramático, que nem mesmo Platão conseguiria entender, nem mesmo Sócrates e os Sofistas seriam capaz de desvendar esse borrão, esse esboço maltratado e jogado aos bichos, como se nada fosse, como se nunca fosse nada..

Sou só um rascunho, uma arte mal acabada, esquecida, deixada.. Acabou o encanto e eu deixei de existir. Vago nas ruínas do castelo que construímos tentando levantar pedra por pedra, mas sozinha eu não consigo. Sem estímulos, sem cores, sem alegria, sem corte, sem príncipe.. Só lembranças, só saudade, só imagens, não dá, eu não consigo!

Tiraram a minha coroa e aos poucos, minha armadura irá se desfazer como papel machê. Devolve, príncipe, minhas cores e minha corte, meu castelo, minha carruagem. Devolve o meu reino, me devolve o nosso amor, me devolva você.

Quero ser uma obra terminada, quero ser mais do que um rascunho, um borrão, uma lembrança. Quero poder estar ao seu lado e também governar a sua vida, lutar contra os dragões que te atormentam, reerguer o nosso castelo e mostrar para mim mesma, que juntos, somos capazes de tudo!

Então volta, príncipe e traz de volta, tudo o que eu dou mais valor: Nosso reino e nosso amor. 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Ausência



























Seu silêncio grita, sua ausência é tão presente e eu sou tão sua! Queria poder te dizer todos os dias, o quão gosto do sorriso que ele possuí e o quão sou egoísta em relação à ele. Dizer que dói, falar de mim, deixou de fazer sentido e falar dele, me parece longe, distante o bastante para que eu não possa alcançar. Aos poucos eu desisti! Desisti querendo ficar, fui embora implorando por dentro que ele me pedisse mais dez minutos, que ele me ligasse bêbado repetindo inúmeras vezes amar só a mim. Digo aos quatro cantos que desisti, que não me importa mais, que eu não transbordei de ciúmes quando o vi beijando outra com aquela bermuda azul marinho da primeira vez que ele deitou no meu sofá, digo que não sinto saudade, mas ainda durmo com o celular debaixo do travesseiro esperando um boa noite, que nunca chega. Escrevo textos e mais textos que não passam de rascunhos, por medo de mais uma vez, ter apenas o silêncio como resposta de uma paixão desenfreada. Eu tenho medo dele, mas o quero tanto. Conheço pessoas novas, mas elas me lembram as velhas lembranças, o cheiro de Malbec, os cabelos molhados, os sussurros, as manias, os pés engraçados, as tentativas pouco positivas de se afastar de mim. É inevitável, é inesgotável, é chato, é inconsequente e mais forte do que eu. Tentei outros abraços, outras respirações, outros beijos, outros cheiros, mas de novo vem fumaça, cheiro de Malbec, essência, olhos pequenos, cabelo molhado, aparelho nos dentes, dedos tortos, cheiro na roupa.. Vem a saudade dele, vem ele nas lembranças e a saudade de quem nós éramos, de quem ele foi. O seu silêncio me mata, a sua presença me cega e a saudade me destrói!