domingo, 16 de setembro de 2012

Ex-princesa




Sou fruto de tudo que somos, meu bem e mais, sou fruto dos nossos planos futuros, da nossa paixão secreta, dos nossos conflitos mal resolvidos. Sou fruto de nós dois, sou fruto de você.

Já fui sorrisos e choros, insônia e pressentimentos, hoje eu sou só o que sobrou do que eu fui ao seu lado. Sou só a boba da corte, depois de conhecer a magnitude de ser princesa. Sou saudosa, sou saudade, hoje, sou apenas eu.

Depois de conhecer tudo que conheci ao seu lado, me ver longe de você torna-se uma luta. Pois é, meu bem, a princesa tirou a coroa, vestiu a armadura e mata um dragão por dia. Não existe mais castelo, reino ou príncipe. Acabou o reinado, as cortinas vermelhas são cinza, o bobo da corte se foi e levou a alegria das noites frias sem você, junto à ele.

Sou um esboço dramático, que nem mesmo Platão conseguiria entender, nem mesmo Sócrates e os Sofistas seriam capaz de desvendar esse borrão, esse esboço maltratado e jogado aos bichos, como se nada fosse, como se nunca fosse nada..

Sou só um rascunho, uma arte mal acabada, esquecida, deixada.. Acabou o encanto e eu deixei de existir. Vago nas ruínas do castelo que construímos tentando levantar pedra por pedra, mas sozinha eu não consigo. Sem estímulos, sem cores, sem alegria, sem corte, sem príncipe.. Só lembranças, só saudade, só imagens, não dá, eu não consigo!

Tiraram a minha coroa e aos poucos, minha armadura irá se desfazer como papel machê. Devolve, príncipe, minhas cores e minha corte, meu castelo, minha carruagem. Devolve o meu reino, me devolve o nosso amor, me devolva você.

Quero ser uma obra terminada, quero ser mais do que um rascunho, um borrão, uma lembrança. Quero poder estar ao seu lado e também governar a sua vida, lutar contra os dragões que te atormentam, reerguer o nosso castelo e mostrar para mim mesma, que juntos, somos capazes de tudo!

Então volta, príncipe e traz de volta, tudo o que eu dou mais valor: Nosso reino e nosso amor. 

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